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Em novo álbum, McCartney traz união perfeita dos mais variados estilos

 
Seis anos se já haviam se passado desde o último álbum de canções inéditas de Paul McCartney, "Memory Almost Full". Mas a espera foi recompensada. O artista lançou nesta segunda-feira, no Reino Unido, seu disco novo - até no nome, "New" - reunindo 15 canções de diversos estilos musicais que mesclam tradição e inovação de forma espetacular. Produzido por Mark Ronson, Paul Epworth, Ethan Jones e Giles Martin, o álbum garante um lugar de destaque na lista das grandes obras da carreira solo de McCartney.
Para quem gosta do bom e velho rock'n'roll, "New" já começa com os empolgantes riffs de "Save Us", uma das canções que já haviam sido antecipadas em apresentações ao vivo três semanas atrás. Assim como "Everybody Out There", faixa que promete fazer sucesso nos shows com seus animados gritos de "hey" e "I can't hear you".
Outra canção que já havia sido lançada anteriormente é a que dá nome ao álbum. A alegre "New", que parece até ter sido tirada de um disco perdido dos Beatles, já virou inclusive trilha sonora de animação infantil, em "Tá Chovendo Hamburger 2", e promete ser uma das faixas de maior sucesso desta nova obra de Paul.
Algumas outras músicas também remetem ao quarteto de Liverpool. O refrão de "I Can Bet", por exemplo, em muito se assemelha ao da clássica "Get Back"; já ao ouvir o fim de "Hosanna", é difícil não se lembrar da psicodélica "Tomorrow Never Knows".
O próprio McCartney cita os velhos tempos em algumas canções do disco. "Early Days", por exemplo, é um emocionante relato de seus tempos de garoto de Liverpool ao lado de John Lennon, "com os violões nas costas procurando alguém que quisesse ouvir a música que eles haviam escrito em casa".
Na mesma faixa, Paul critica quem hoje inventa histórias sobre o que aconteceu entre ele e o velho parceiro, mostrando confiança ao dizer que ninguém irá jamais tirar de sua memória tudo o que eles viveram juntos. Entretanto, em outras músicas pode-se ver um lado inseguro do homem por trás do artista, provando que soberba não é uma de suas características.
Prova disso é um dos versos que mais se destacam no novo álbum: "Everybody else is busy doing better than me", na excelente "Alligator", revelando que Macca não se sente como se fosse alguém mais especial do que os demais. Essa insegurança também se expressa na que talvez seja a mais bela canção do álbum, "Scared", balada romântica na qual Paul diz ter medo de dizer "eu te amo" mesmo estando morrendo de vontade de abrir o coração.
Outra incerteza se expressa na arrepiante "Road", em que o personagem se encontra em uma longa estrada, à noite, e não consegue enxergar. É uma espécie de versão concreta do que é cantado na própria canção-título do álbum, em cujos versos Paul admite não saber o que vai acontecer daqui para frente. "Não olhe para mim, é muito cedo para dizer o que vai ser", afirma. "Não há garantias e não temos nada a perder".
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Além dessa mistura de sentimentos, McCartney mescla do começo ao fim do álbum o antigo e o novo. "On My Way to Work", por exemplo, fala de seus dias antes da fama, enquanto a fantástica "Queenie Eye" tem o refrão inspirado em uma simples brincadeira infantil da Inglaterra. Por outro lado, faixas como "Looking at Her" e principalmente "Appreciate" têm uma pegada bastante moderna, com toques eletrônicos que talvez desagradem os fãs mais tradicionais do eterno Beatle. Mesmo assim, são dignas de elogio simplesmente pelo fato de sairem da zona de conforto.
E assim é "New". Uma deliciosa mistura de ritmos, épocas e sensações, produzida com excelência por quatro grandes especialistas e executada com perfeição pelo velho Macca. Aos 71 anos, Sir Paul McCartney mostra com este álbum que é capaz de se reinventar das mais variadas formas, buscando a inovação sem perder sua velha marca: a genialidade. 

Para encerrar, confira a canção que fecha o álbum, "Scared":
 
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