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Médicos de Roraima realizam ato em apoio à manifestação nacional

Fachada do Conselho Regional de Medicina em Roraima (Foto: Vanessa Lima/G1 RR)
A classe médica de Roraima vai apoiar uma mobilização nacional em defesa da saúde pública. Na pauta de reivindicações, a manutenção da revalidação do diploma de médicos formados no exterior para atuação no país. O ato público ocorre nesta quarta-feira (3), no Portal do Milênio, a partir das 18h.
No estado, o Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM/RR), em parceria com o Sindicato dos Médicos de Roraima (Simed/RR), a Associação Médica de Roraima (Amerr) e o Centro Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Roraima (UFRR) organiza a mobilização.
O presidente do CRM/RR, Wirlande da Luz, informou que a decisão anuciada pelo governo federal de importar médicos formados fora do Brasil, sem a revalidação do diploma, afeta a saúde pública brasileira. "A classe não é contrária a vinda de mais médicos para o país, desde que eles passem pelo processo normal que todos passamos", destacou.
Da esquerda para a direita José Ferreira Neto, representante dos acadêmicos de medicina; Wilson Franco, presidente do Simed; e Wirlande da Luz, presidente do CRM/RR (Foto: Vanessa Lima/G1 RR)
Da esquerda para a direita José Ferreira Neto,
representante dos acadêmicos de medicina;
Wilson Franco, presidente do Simed; e Wirlande
da Luz, presidente do CRM/RR
(Foto: Vanessa Lima/G1 RR)
Ele explicou que o processo de revalidação consiste, em princípio, na equiparação curricular. Muitas faculdades estrangeiras têm carga horária diferenciada da existente nas instituições de ensino do país. Por isso, esses profissionais com formação fora do Brasil teriam que cursar essas matérias que não foram ofertadas para equiparar o processo de grade curricular.
Além disso, eles teriam que ser submetidos a provas escritas e práticas. Os estrangeiros precisam ainda realizar prova de proficiência em língua portuguesa. "Existe o 'Revalida', um projeto do Ministério da Educação e do Ministério da Saúde, só que o governo federal quer passar por cima de tudo isso, trazendo médicos formados no exterior sem que passem por um processo que eles mesmo criaram", criticou.
Segundo o presidente do Simed, Wilson Franco, a classe médica é favorável a revalidação do diploma de médicos formados no exterior visando a segurança de que estejam com o mínimo de preparo para atuar no país. "Não se trata de reserva de mercado, tanto é que se o médico vier com o mesmo preparo dos daqui será bem recebido. O problema é o risco à população", pontuou.
Realidade no interior
A falta de estrutura para que os médicos possam exercer a medicina também será pauta da manifestação nacional. Esse seria o motivo alegado para a defasagem de médicos no país, principalmente no interior dos estados.

Roraima tem 685 médicos. Destes, apenas 60 atuam no interior. Até mesmo em Boa Vista os médicos reclamam da falta de condições de trabalho. Nas equipes do Programa de Saúde da Família houve demissão. Apenas 25 das 54 equipes têm médicos.
"Os 29 médicos pediram demissão por falta de condições para exercerem a medicina. No interior a situação é ainda mais crítica. Às vezes o médico não tem se quer uma ambulância para transportar os pacientes. Tem que existir o mínimo de segurança para que a medicina seja ofertada", destacou Wirlande da Luz.  
A contratação de médicos estrangeiros, segundo pontuou o presidente do CRM/RR, não é garantia de que os moradores de cidades do interior dos estados terão atendimento médico. Ele lembrou que dos 86 médicos estrangeiros que foram enviados para atuar em Roraima há anos atrás, apenas seis permaneceram no estado.
"O Brasil é o segundo país do mundo com o maior número de faculdades de medicina, só perde para a Índia. Temos médicos suficientes se formando a cada dia. Não falta médico no interior, o que está faltando é condições de trabalho", disse Wilson Franco, presidente do Simed.
Mobilização nacional
Os médicos realizam a mobilização nacional em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e por uma assistência de qualidade, pela aprovação de Carreira de Estado para médicos (PEC 454), pela defesa da derrubada do Decreto Presidencial 7562 que modificou a Comissão Nacional de Residência Médica e pela sanção presidencial do projeo que regulamenta o exercício da medicina e prevê mais recursos para a saúde pública.

G1

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